Em torno do século III d.C., quando Diocleciano era imperador de Roma, havia nos domínios do seu vasto Império um jovem soldado chamado Jorge de Anicii. Filho de pais cristãos, converteu-se à fé cristã ainda na infância, quando passou a temer a Deus e a crer em Jesus como o salvador do mundo. Nascido na antiga Capadócia, região que atualmente pertence à Turquia, Jorge mudou-se para a Palestina com sua mãe, após a morte de seu pai. Tendo ingressado para o serviço militar, distinguiu-se por sua inteligência, coragem, capacidade organizativa, força física e porte nobre. Foi promovido a capitão do exército romano devido a sua dedicação e habilidade.
Apesar de tudo, o fato é que Jorge de Capadócia obteve um testemunho reto e santo, que causou impacto e conduziu muitas vidas a Cristo. Por amor ao Evangelho, ele não se preocupou em preservar a sua própria vida; em seu íntimo, guardava a Palavra: “ …Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte” (Filipenses 1:20). Deste modo, cumpriu integralmente o propósito eterno para o qual havia nascido: manifestou o caráter do seu Senhor e atraiu homens e mulheres ao reino de Cristo.
Se você é devoto deste celebrado mártir da fé cristã, faça como ele e atribua toda honra, glória e louvor exclusivamente a Jesus Cristo, por quem Jorge de Capadócia viveu e morreu. Para além das lendas que envolvem seu nome, o grande dragão combatido por ele foi a idolatria que infelizmente hoje impera em torno de seu nome, e até mesmo em torno do nome do Cristo a quem Ele dedicou sua existência. A melhor maneira de honrá-lo e prestigiá-lo não é com fogos de artifício, promessas e festa, mas imitando-o em sua fé e devoção a Cristo. Idolatria não se resume a prostrar-se ante uma escultura qualquer, mas estabelecer uma relação supersticiosa, onde o santo ou o próprio Deus é visto apenas como alguém a quem recorrer na busca de solução para os seus problemas. Cristo, o Deus que Se humanizou para habitar entre nós, é muito mais do que alguém pronto a atender nossos pedidos. Ele é o Salvador dos homens, o Senhor do Mundo, o Mestre do Amor. Homens e mulheres que o serviram e hoje são considerados santos pela tradição podem ser imitados em sua fé, ter sua memória celebrada, mas jamais considerados semi-deuses prontos a atender nossas solicitações. De acordo com os ensinamentos encontrados nos evangelhos, nossos pedidos devem ser dirigidos ao Pai em nome de Seu Filho Jesus. E Ele tem prazer em nos atender, não com a intenção de mostrar o quão poderoso é, mas simplesmente por nos amar e se importar com cada um de Seus filhos.
A pior idolatria denunciada por Jesus ocorre quando nos devotamos ao dinheiro e a aquisição de bens materiais. Façamos deles um meio para socorrer aos necessitados e não um fim em si mesmos. Nada nesta vida pode tomar o lugar de Deus. Esta foi a grande lição que Jorge da Capadócia nos deixou. O dragão que devemos vencer é o do egoísmo, da ganância, do ódio, do preconceito e de tudo o que nos afasta de Deus e do nosso próximo.